Um grupo de pelo menos 20 brasileiros está preso no Peru há quatro dias por conta dos protestos contra o governo da atual presidente, Dina Boluarte. Entre eles, moradores de Rondônia que relataram ao g1 que quase ficaram sem água e comida.
“Ninguém passa e ninguém volta. Tá muito feio aqui porque a gente tá no meio do conflito, a gente parou bem no meio mesmo. Eles falaram até de ‘tacar’ fogo nos carros”, narra o rondoniense e estudante de medicina, Matheus Vanjura.
Em um vídeo postado nas redes sociais de Matheus é possível ver um dos pontos de protesto. As imagens mostram uma concentração de pessoas, vários pneus e pedaços de madeira bloqueando uma estrada.
Segundo Matheus, idosos e crianças estão entre as pessoas que foram paradas nas rodovias. Eles tentaram atravessar a fronteira de carro, mas foram barrados em vários pontos por manifestantes. Alguns brasileiros deixaram os carros e tentaram voltar para casa de avião.Manifestantes fecham vias no Peru durante protestos — Foto: Cristian Delgado/Arquivo Pessoal
No meio do conflito
O advogado Cristian Delgado saiu de Porto Velho para o Peru em férias com a família, mas ainda não conseguiu voltar. Ele contou ao g1 que, em um dos bloqueios, esteve “no meio do conflito” entre manifestantes e caminhoneiros que também estão parados na rodovia.
“Começou a ter uma briga entre os caminhoneiros que estavam parados e os manifestantes. Eles [os manifestantes] jogaram pedras nos carros. A gente ficou pensando que a gente ia morrer lá”, relembra.
Os brasileiros revelaram que durante o tempo que ficaram parados nas rodovias, eles entraram em contato com a Embaixada Brasileira no Peru para pedir ajuda, mas não foram atendidos.
“O consulado brasileiro foi extremamente omisso”, apontou um deles.
O grupo de brasileiros saiu de Cusco no dia 6 e somente nesta terça-feira (10), conseguiu chegar até a cidade de Puerto Maldonado, ainda no Peru, para se hospedar em um hotel e descansar. O trajeto que deveria durar aproximadamente nove horas levou quatro dias para ser concluído.