Após perder um casal de filhos recém formados no trágico incêndio ocorrido na Boate Kiss, Santa Maria, no Rio Grande do Sul, José Viro Rodrigues Duarte, 52 anos, superou a depressão e resolveu cruzar praticamente todo o País de bicicleta para recomeçar a vida nas Guianas Francesas.
O incêndio que matou 242 pessoas e feriu outras 680, ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de2013 e foi causado pelo acendimento de um sinalizador usado por um integrante de uma banda que se apresentava naquela casa noturna. O sinistro foi considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio.
A imprudência e as más condições de segurança ocasionaram a morte de mais de duas centenas de pessoas, entre elas os irmãos Anderson Guimarães Rodrigues, 22 anos, que havia acabado de se formar em Engenharia Civil, e Luiza Guimarães Rodrigues, 21 anos, também recém formada, em Pediatria.
A morte do casal, únicos filhos de Duarte, que também já havia perdido cinco anos antes a esposa Débora, na época com 48 anos de idade, também de forma trágica, em um acidente de moto, causou-lhe uma depressão profunda que durou um ano e oito meses.
Recuperado da doença, José Viro, que nasceu em Uruguaína/RS e foi adotado ainda criança e saiu da casa dos pais adotivos aos 15 anos de idade, resolveu refazer a vida num país vizinho. Ele, que trabalhou 20 anos como pintor e chapeador na Volvo, foi convidado por um engenheiro americano que visitou a fábrica em que trabalhava para trabalhar em uma outra que estava montando nas Guianas Francesas.
José colocou à venda sua residência e sua chácara, equipou a bicicleta que possui há 40 anos, arrumou sua mochila com roupas e ferramentas de trabalho e seguiu viagem em duas rodas Brasil a fora. A aventura já dura 52 dias e ele disse que pedala em média 120 quilômetros por dia. Ele chegou a Jaru nesta segunda-feira (20), onde dormiu em um hotel e seguiu viagem nesta terça-feira (21).
Ele revela que no início chegou a pedir ajuda às pessoas, mas após passar uma grande humilhação por causa de R$ 2,00, se ajoelhou e prometeu a Deus que nunca mais iria pedir nada a ninguém. Agora ele vem utilizando o dinheiro que tinha no banco e também faz pequenos trabalhos em sua área nas cidades por onde passa.
“Estou indo, deixando Deus me levar”, declarou ele sobre a viagem.
Fonte: Anoticiamais
Autor: Flávio Afonso